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4 de julho de 2015

Os 150 anos de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

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150 anos de Alice

Boa tarde! Deixo aqui minha pequena homenagem para esta obra que atravessa séculos e mistérios. Quem nunca assistiu o clássico desenho da Disney? Ou se encantou com algum livrinho de criança sobre Alice? Para adultos e crianças, e todos que são fãs!  Por Juliana Duarte

Em julho de 2015, Alice no País das Maravilhas completa 150 anos de publicação. Professor de matemática, gago e tímido, o autor Lewis Carroll deixou uma obra de difícil definição, que conquistou um lugar privilegiado no imaginário de várias gerações, com a fantasia e o nonsense como suas principais marcas. Alice, em particular, apesar de um século e meio de idade, continua uma menina. É um símbolo importante de nossos tempos, objeto de inúmeros estudos, adaptações literárias e, mais recentemente, versões para o cinema.

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“A vida, o que é senão um sonho?”

A linha encerra um poema sobre um passeio de barco a remo com três crianças, de “olhos ávidos e ouvidos receptivos, satisfeitas em ouvir uma história simples”. Mas o poema não acabou ao fim do passeio: o conto simples ouvido pelas meninas na tarde quente de 4 de julho de 1862 transformou-se em uma obra que atravessou gerações.

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Tudo isso graças à pequena Alice Liddell, 10 anos, que pediu ao remador,o reverendo Charles Dodgson, que escrevesse o que contou a ela e às duas irmãs. O resultado veio poucos meses depois na forma de um  manuscrito que, de tanto sucesso que fez entre as crianças de Oxford, foi impresso, em 1865, como livro. O título da história? Alice no País das Maravilhas. Tímido e gago, o reverendo Dodgson, professor de matemática na Faculdade Christ Church, assinou a obra sob o pseudônimo Lewis Carroll.

Indo contra as historietas infantis com morais sobre bom comportamento, Carroll criou um mundo mágico de animais falantes e autoridades questionáveis. Em um ano, todas as 5 mil cópias da primeira edição haviam sido vendidas - sucesso estrondoso para a época, que só cresceu, assim como o amor de leitores por Alice no mundo inteiro.

A Sociedade Lewis Carroll Brasil tem site oficial! Essa sociedade sem fins lucrativos existe em várias partes do mundo, inclusive o site é uma grande fonte de pesquisa para apaixonados! Visitem!

QUEM ERA LEWIS CARROLL?

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Pseudônimo do reverendo Charles Lutwidge Dodgson, Lewis Carroll nasceu em 1832. Por quase meio século, trabalhou e residiu em Christ Church, uma das faculdades da universidade inglesa de Oxford, e por muitos anos foi professor de Matemática. No entanto, não fazia muito sucesso entre os alunos (suas aulas eram consideradas maçantes) e não deixou nenhuma contribuição significativa para a área da matemática. Por toda a obra de Carroll, porém, percebe-se o seu lado lógico, tanto no enorme interesse cultivado pelos jogos, enigmas e paradoxos, como no prazer com que desmonta raciocínios e linguagens estabelecidas.

Carroll tinha talento para contar histórias, mas, introvertido, sentia-se mais à vontade com as crianças. Declarou, certa vez, numa fórmula bem carrolliana: “Gosto de crianças, exceto meninos”. Escreveu Alice durante uma viagem de barco pelo Tâmisa, entre Oxford e a aldeia de Godstow, em 1862. Faziam parte da comitiva o reverendo Robinson Duckworth e as três filhas do seu amigo (e diretor da faculdade Christ Church) Harry Liddell: Edith (8 anos), Alice (10 anos) e Lorina (13 anos). Para entreter as meninas durante a viagem, Carroll inventou um mundo de fantasia cheio de personagens excepcionais e nomeou sua protagonista de Alice. A menina Alice teria gostado tanto da história que pediu a Carroll que a colocasse no papel e, assim, surgiu o manuscrito de As Aventuras Subterrâneas de Alice (Alice’s Adventures Under Ground).

É graças à ela que devemos a intrigante obra de Alice e a continuação. Em 1871, 2 anos depois, Carroll publicou a continuação das histórias de Alice em Através do Espelho e o Que Alice Encontrou Por Lá. Além dos livros mais conhecidos, escreveu também poemas, contos e o extenso romance em duas partes Sílvia e Bruno (1889-1893), misturando real e fantasia.

A OBRA:

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A sinopse é bastante conhecida; quando decidiu seguir um coelho que estava muito atrasado, Alice, caiu em um enorme buraco. Só mais tarde descobriu que aquele era o caminho para o País das Maravilhas, um lugar povoado por criaturas que misturam características humanas e fantásticas, como o Gato, o Chapeleiro e a Rainha de Copas - e que lhe apresentam diversos enigmas.

O manuscrito de Alice chegou às mãos do autor escocês George MacDonald, pioneiro na literatura de fantasia e ídolo de Carroll, que o leu para seus próprios filhos. (Embora esquecido pelos leitores atuais, suas obras foram uma inspiração para muitos autores notáveis, como C. S. Lewis, W. H. Auden, J. R. R. Tolkien, Madeleine L'Engle…).Todos, sem exceção, vibraram com a história. Estimulado, Caroll revisou o manuscrito, incluindo a cena do Chapeleiro Louco e o personagem do Gato de Cheshire. Apresentou-o em seguida para publicação com um tamanho duas vezes maior que o originalmente enviado a Alice Liddell. Assim, em 1865, foi lançado Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, no original em inglês).

O impacto desta história foi tão notório, que se criou o ”dia de Alice” que ainda hoje é comemorado em todo o mundo.

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O livro não é propriamente um conto de fadas, os quais têm origem na tradição oral e, geralmente, carregam um conteúdo moral. Tampouco é uma obra surrealista, pois o absurdo lida com valores humanos. O livro de Carroll se situa no campo da lógica. Mas o problema lógico do raciocínio em Carroll muitas vezes se subordina ao problema semântico. Carroll questionava poeticamente, por meio do nonsense, os jogos de palavra e sentido, assim como os paradoxos.

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Ainda no contexto das comemorações da obra, o emblemático manuscrito de 1865, escrito e ilustrado por Carroll — a primeira edição impressa já saiu com as ilustrações clássicas de John Tenniel —, um dos maiores tesouros da British Library, viaja pelos Estados Unidos (The Morgan Library & Museum, em Nova York, e The Rosenbach of the Free Library, na Filadélfia). A explicação para o manuscrito sair de casa em turnê justamente neste momento é simples: ele foi comprado por um colecionador americano em 1928, mas presenteado ao Reino Unido em 1948 em homenagem à participação do país na Segunda Guerra. Assim que voltar a Londres, ele será a estrela de uma exposição prevista para o final do ano na British Library, que vai explorar as várias adaptações e interpretações da história.

Além de referências ao contexto político da Inglaterra, como a relação entre a Rainha de Copas e a Rainha Vitória, alega-se que Lewis Carroll inspirou-se em pessoas que participavam de seu cotidiano, como Theophilus Carter, um vendedor de móveis excêntrico que é apontado como base para a criação do Chapeleiro.

QUEM ERA ALICE? SA

Outro espectro bastante estudado é a relação entre Carroll e a menina Alice Pleasance Liddell, na época com apenas nove anos, quem inspirou o reverendo a criar a história. Ele a desenhava, fotografava (algumas vezes nua) e se mostrava sempre afetuoso, levantando suspeitas entre biógrafos.

A Alice real era a quarta filha do vice-reitor da Universidade de Oxford, Henry George Liddell, e seu primeiro encontro com Lewis Carroll ocorreu em 25 de abril de 1856, enquanto o autor fotografava a catedral de Oxford - a fotografia sempre fora uma de suas paixões. Deste encontro desenvolveu-se a amizade entre Carroll e a família Liddell - em especial Alice.

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O manuscrito, um presente de Carroll à musa inspiradora, acabou sendo vendido por ela anos mais tarde, quando a já adulta Alice precisou de dinheiro para manter sua residência após a morte do marido. A cópia rendeu um total de £15.400 e atualmente está guardada na British Library, a biblioteca nacional da Inglaterra.´

Alice Liddell morreu em 16 de novembro de 1934 aos 82 anos, enquanto sua contraparte literária continua cada vez mais viva no imaginário das pessoas.

A bisneta de Alice Liddell, Vanessa Tait, compreende a desconfiança por trás da amizade:

– Passei por uma fase de insistir que Carroll estava sim apaixonado por Alice, o que chateava minha mãe, que muito teve que responder a tais acusações. “Naquele tempo”, ela diz, “ninguém pensava que fotos de crianças nuas eram algo lascivo. Gostar da companhia de crianças não era sinônimo de pedofilia para os vitorianos.

SAEla encontra eco nas outras especialistas:

–  É possível tanto que ele tenha se apaixonado por Alice quanto que desejasse ou esperasse poder aguardá-la, mas não há como saber e não acho que especular seja útil. Acho que a combinação entre gostar de seu lugar em Christ Church e não encontrar a mulher certa, o que pode ou não ter a ver com a indisponibilidade de Alice, conspirou para mantê-lo vivendo e trabalhando na faculdade, reflete Stephanie Lovett.

Adriana Peliano segue a mesma linha:

– Se ele queria casar com Alice não existem provas além de especulações, muitas delas alimentadas por páginas arrancadas do diário dele. Existia amor entre eles, mas o amor é múltiplo e amplo, não precisa estar ligado a romance ou casamento.

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A imagem de Alice publicada aqui foi registrada pelo próprio Carroll, quando a menina tinha sete anos de idade, e publicada como miniatura na última página do original de As aventuras de Alice no Subterrâneo (precursor de Alice no País das Maravilhas).

À parte as adaptações mais conhecidas – notadamente as Alices de Walt Disney (1951) e de Tim Burton (2010). Mas claro, temos a primeira versão de 1903, somente 38 anos após o lançamento do livro! Os oito minutos do filme que restaram intactos tiveram suas cores restauradas pelo Instituto Britânico de Cinema (BFI, na sigla em inglês) e foram disponibilizados no YouTube. Veja sobre + adaptações!

CURIOSIDADES DE LEWIS:

Lewis

Era maníaco por bugigangas e adorava inventá-las. Entre suas invenções há uma caneta elétrica e um triciclo. Também foi dele a ideia de imprimir o título do livro na lombada. Quão perdidos ficaríamos diante de uma estante se Carroll não tivesse tido esta ideia!? Fonte: Dose Literária

Ela tinha apenas três anos quando ele a conheceu durante uma sessão fotográfica com o amigo Reginals Southey.

Fontes: Carta Fundamental, ZH, Último Segundo, Homo Literatus, Expresso, O Globo

Levei horas de pesquisa e trabalho, apenas para deixar aqui nossa homenagem. Você já leu Alice? (; Comentem!

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