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13 de novembro de 2015

{RESENHA} O Vilarejo – Raphael Montes

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Olá leitores! É sexta-feira 13, madrugada e o que eu trago? Uma resenha de terror! Lançamento nacional desse carioca chamado Raphael Montes pela Suma de Letras em Agosto, O Vilarejo permeia entre personagens sombrios e uma narrativa simples e bem rápida de ser lida. Por Ju

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JuO VILAREJO

Editora: Objetiva selo Suma de Letras (ed. 1)

Páginas: 92

Lançamento (ano):  Agosto - 2015

Adicione no Skoob! | Sobre o livro | Leia um trecho! (PDF) 

Sinopse: Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome.

As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.

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92 páginas de puro suspense e sangue

Um livro recomendado por ninguém menos que André Vianco (na contra-capa) só pode ser incrível! E foi assim que levei sem pensar da livraria o novo e assustador livro do autor Raphael Montes, que eu não havia lido nada ainda. Não foi com surpresa que constatei o porquê de sua fama. Quero ler tudo do Raphael Montes!

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Já na arte da diagramação e das ilustrações, o livro chama a atenção. Eu nunca havia lido nenhum livro no gênero de terror, e esse foi um ótimo início! Com ilustrações de Marcelo Damm, o autor narra no prefácio – com uma frase marcante bem no começo de Heráclito – como teve acesso aos manuscritos dos 7 contos que virão em seguida, adquiridos de uma senhora a pouco falecida chamada Elfrida que possuía sete mil livros em sua coleção! (quero chegar assim) Ele narra os eventos e fatos que sucederam uma ligação do sócio de um sebo chamado Baratos da Ribeiro, em Copacabana, no Rio de Janeiro para o achado de uns manuscritos em língua estrangeira. Eu pesquisei e acreditem, o sebo existe! Só que em Botafogo.

Três cadernos finos, de capas de couro, escritos à mão e ilustrados contam as histórias sombrias de um vilarejo e seus moradores. Assim começa a explicação misteriosa de como foi traduzido e estudado os contos que retratavam horror, violência e um nome: Peter Binsfeld.

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Em 1589, Peter era um padre e demonologista, que ligou os sete pecados capitais a um demônio e assim chamados de os Sete Reis do Inferno. Invocando cada um, um pecado nos seres humanos, eles são divididos por: Asmodeus – luxúria, Belzebu – gula, Mammon – ganância, Belphegor – preguiça, Satan – ira, Leviathan – inveja e Lúcifer – soberba. Escritos em cimério, língua morta do ramo botno-úgrico, Raphael encontra um estudioso no mundo e o contata. O mesmo se recusa a lhe ajudar, oferecendo apenas um dicionário. Assim começa os contos assustadores dos moradores e sua deterioração junto ao vilarejo. Uma recomendação: não leia de noite!

Belzebu (gula) já começa contando a vida de uma esposa e mãe de três crianças, Felika, que com a fome e o frio, são abandonados pelo patriarca, Anatole, em busca de ajuda e alimentos para a família na floresta, que fica isolada e tenta sobreviver com migalhas. As crianças são pequenas e sofrem com a fome, enquanto a mãe tenta se esconder dos moradores. Dizimado, os vizinhos já não falam uns com os outros e o silêncio toma conta de tudo, até das almas. Um velho bate a porta e pede comida. Ela nega qualquer contato humano possível para proteger as guarnições e os filhos.

Os que morrem, ficam para trás, ninguém pode mais ter o luxo de lamentar suas perdas, a morte vira comum.

Somos apresentados a outra personagem, Sra. Helga, uma velha cega que mora sozinha com seu cão-guia depois que enviuvou do capitão Dimitri.

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Leviathan (inveja) conta a história das irmãs Vália, a mais velha e as gêmeas Velma e Vonda. Vália parece ser feliz com seu namorado Krieger e leva suas irmãs para brincar na estação ferroviária, enquanto elas brincam de escrever histórias para os moradores do vilarejo com outras realidades e são ignoradas pela aparente inocência da idade. Jekaterina é outra menina que aparece como amiga das irmãs. Podemos ver os pensamentos de Vonda e de seu talento pra escrita, seu desejo de ser a irmã e seus problemas de autoestima. Nada acaba bem e os personagens vão entrelaçando-se nas histórias, fazendo o leitor perceber que diferentes épocas são mostradas no decorrer. Foi o desfecho mais surpreendente pra mim, depois do final.

Lúcifer (soberba) é sobre Mobuto, um negro que chega desfalecido no vilarejo em busca de ajuda e é atacado pelas pessoas por ser de outra cor e, principalmente, desfigurado no rosto. Caolho, ele não sabe falar a língua dos moradores até que uma jovem intervém por sua vida e lhe ajuda. Outra trama que mostra a mesquinhez e crueldade do ser humano. Nos é apresentado Ivan, o ferreiro. Até então outro velho aparece…Asmodeus (luxúria) mostra a realidade triste da pequena Jekaterina e do jovem Mikhail, que sobrevive miseravelmente e tem seu destino merecido.

Belphegor (preguiça) é sobre a real história do viril e forte ferreiro das redondezas, Ivan. Podemos também entender outras histórias e o porquê Mobuto foi parar lá, no meio do nada.

Essa talvez foi a única história que deixou aberturas para dúvidas. Não entendi a razão e relação das irmãs presas. (Se alguém entendeu, comente por favor! Sinalize com Spoiler para que ninguém leia.)

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Mammon (ganância) é a mais chocante e se trata de uma menina, Latasha, criada pela avó, a Sra. Branka e sua obsessão por dinheiro. Vingança e raiva são sentimentos que permeiam o conto.

E por último Satan (ira) que revela todo o surpreendente segredo por trás das atrocidades, barbáries, situações que vão deixá-lo perplexo com o limite do ser humano e que, sim, é possível que exista esse lado ruim dentro de nós. E que devemos lutar contra ele. Esta é a trama que reúne todos os sete contos e resolve os mistérios, ligando-os de uma forma incrivelmente bem trabalhada.

Gente, se eu pudesse descrever minha cara no final, seria mais ou menos como um queixo caído. ;o #pavor

E o terror que consome as pessoas quando são pressionadas e encurraladas por estados de desespero da fome, do frio, da morte, do sentimento de solidão, desolação, pelas personalidades devastadas pelo pecado são de tocar qualquer leitor. Ousando no mais simples narrar de fatos, usando apenas elementos comuns, como seres humanos e sua complexidade, encaixando esse formato de romance e um quê de magia. Amei!

Só posso dizer que amei. Apavorou meu Mês do Terror (outubro, mês do Halloween/Dia das Bruxas)! Consegui vencer meu medo bobo desse gênero vasto e entrou para a lista de queridinhos.

O posfácio é bem interessante, acho que poucas pessoas entenderam. Eu quase infartei, ok? Não façam isso comigo, editora Suma. (não consegui dormir).

Recomendo, tanto pela arte fabulosa que torna inescapável a obrigação de tê-lo em mãos do que digitalmente. 92 páginas de puro suspense e sangue. E nem é apocalipse zumbi! (Ah! E minhas preferidas são Leviathan e Lúcifer, apesar de ter adorado a reviravolta de Satan, o último.) Pode ler os contos de qualquer ordem, aliás. Não altera.

Eu escrevo demais, desculpem. Mas eu adoro analisar o livro não só pela história em si, mas pelo que ele traz, o que aborda. É terapêutico.

O que achou? Comente!  Ju

 

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