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28 de junho de 2013

Dom Casmurro – Machado de Assis

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RESENHAOu Capitu, como muitos dizem, é uma obra-prima de Machado de Assis, um carioca que além de escritor, era: jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. Ah, esqueci o principal: era um gênio!

Dom Casmurro teve várias edições, dentre elas se pode ver as principais capas no Skoob, em Edições. Porém, eu queria uma mais fiel, sem mudanças da escrita original e encontrei uma vez, num belo sebo a edição da coleção Abril Cultural, de 1971.

Eu já vinha lendo esse livro há muito tempo (Terminei ontem!), porém eu sempre adiava o fim porque… bom, motivos de leitora. *-* (Vocês me entendem, né?) Só que eu queria ler apenas Dom Casmurro, mas esta edição tem Memórias Póstumas de Brás Cubas também. (A edição que eu tinha era de outra coleção, mais antiga. Mas por valor sentimental e forças maiores, preferi ler este e poder levá-lo pra cima e pra baixo. Ainda que morrendo de medo. *-*)

Aqui vai a ficha e a resenha. Smiley piscando  Deliciem-se!

machado-de-assis-dom-casmurro-bras-cubas-capa-dura_MLB-F-2991007703_082012%25255B1%25255D%25255B9%25255D[1]5 estrelas 5 starsDOM CASMURRO

Editora: Abril (ed. 1)

Páginas: 346

Lançamento: junho – 1971

Perfil no Skoob

Review: Machado de Assis (1839-1908), escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de "olhos oblíquos e dissimulados", de "olhos de ressaca", Machado nos legou um incrível mistério, um mistério até hoje indecifrado. Há quase cem anos os estudiosos e especialistas o esmiuçam, o analisam sob todos os aspectos. Em vão. Embora o autor se tenha dado ao trabalho de distribuir pelo caminho todas as pistas para quem quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A alma de Capitu é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado também já explorara em personagens como Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas à partir da ambigüidade psicológica, como Jorge Luis Borges gostaria de ter inventado.

Minha opinião é…

Genialidade no maior mistério da literatura universal!

Do começo ao fim, Bentinho, o garoto sensível, romântico, sonhador, aquele menino adorável traça uma narrativa de pistas ora sobre a traição ora não. Mas se engana quem pensa que é disso que eu vou falar! Não, caro leitor, vou falar da obra em si.

dom_casmurro[1]Vou falar das entrelinhas! Quem lê pelas entrelinhas entende a essência do livro e não a aparência que este quer passar. O autor tem suas nuances e nos leva ao mundo de Bentinho, que vive com a mãe Dona Glória, viúva e ainda jovem, que se sustenta com as propriedades que este a deixou. Junto com prima Justina, tio Cosme, e o grande amigo e esperto (mais adiante vocês irão entender!) José Dias, eles moram na rua de Matacavalos, numa época em que mulheres eram submissas aos homens, a imagem e honra de um homem era sua fortuna e posses, um século que tudo era tão simples para as crianças que até me deu saudades da minha! Mas é isto que ele quer passar.

Sim, o livro começa já com o desprezado e rabugento Dom Casmurro, o fidalgo (Dom) que é excluído da sociedade e das relações por vontade própria. Ele mesmo diz isso! Começa com uma lembrança do seminário, em que a mãe o levou por causa de uma promessa. Ah, essa promessa! O início inteiro fala da tal promessa que Dona Glória fez para que se seu filho nascesse com saúde, iria servir à Deus no seminário, virar padre e quiçá, Papa! Sim, o sonho da mãe dele é ver o filho de padre, regendo uma missa! Mas Bentinho não quer isso, não até chegar a vizinha do seu Pádua e mudar todo esse rumo apostólico. Até completarem 14 anos, os dois eram apenas amigos, e viviam pra cima e para baixo à brincar de missa. O sonho do padre Cabral!

capitu[3]Porém o romance inocente, doce e adolescente é lindo! Os dois planejam casamento, filhos e vida, nada dá certo. (Tudo só acontece 20 anos depois!)

Apesar de não concordar, e estar apaixonado por Capitu, a jovem e esperta menina do lado, com seu olhar conquistador e seu jeito atrevido, Bentinho vai para o seminário e lá conhece Escobar. Melhores amigos então, eles constroem uma amizade que perdura anos, em que ele vai em sua casa, conhece Capitu e então Sancha, a melhor amiga dela, com quem se casa e tem uma filha.

Mas esta relação improvável não é suspeitada por Bentinho até que Escobar morre, em um acidente terrível, quando ele já tem Ezequiel pequeno e a mãe ainda viva.

televisao_1b[1]Então começa a longa perseguição pela verdade e pelo enigma que os dois levam ao túmulo. (Capitu e Escobar).

Bem, eu gostei bastante, é um clássico, e a genialidade do enigma mantida há tanto tempo só faz com que Dom Casmurro permaneça na lista de maiores do mundo! A leitura é completamente rebuscada e difícil! Todo texto machadiano o é, mas fica aqui uma dica: leia com um bom Aurélio do lado, ou um dicionário que possua várias palavras não mais usadas!

A trama é só um pano de fundo para a verdadeira face da história. Agora, inicio uma parte que somente quem leu poderá ler! (:

____SPOILER!____

Sabe-se que o tempo todo Bentinho joga pistas e mais pistas sobre o comportamento e caráter de Capitu, sua amada amiga e esposa.

Desde o início, em Matacavalos, quando eram crianças, ele narra sua desconfiança quanto à aparência e índole da criança chamada por José Dias de ‘’cigana oblíqua e dissimulada’’. Porém, vemos que não é só ele quem a vê assim! Outros personagens também a acham assim. Vemos prima Justina muitas vezes criticar a aproximação (ou bajulação, como ela diz) de Capitu com a mãe de Bento e percebemos o quão hábil ela é! Só que fica uma contradição e um dilema: seria Bento o traidor ou Capitu?

Veja, falo de traição em outro patamar. Falo da traição com o leitor. Sim, ele nos trai! Aquele leitor que confia cegamente ao autor, ao narrador, ao personagem, por ser fiel e sua narrativa dizer aquilo que ‘acontece’, algumas coisas são passadas em branco. O título do livro chama-se: Dom Casmurro, logo sugere que não é sobre Capitu ou sua traição e sim sobre o solitário e reprimido Bentinho. Ele faz-nos pensar que é ela quem é má índole, dissimulada, quando ele quem é ardiloso em inventar uma narração em que se auto-define um ‘sonhador’ (aí dá a ideia à alguns leitores de que tudo foi imaginado por ele. Há essa hipótese.), romântico e até sensível. Porém, apesar de não precisar de provas, vemos que Capitu pode sim ter-lo traído pelo fato dela própria ter confessado a semelhança do filho com o velho amigo seminarista Escobar.

Ah, Escobar, teria ele se matado ao saber da verdade (sobre Ezequiel ser seu filho) ou sobre o segredo árduo que guardava com Capitu? Será que ele morreu inocente ou sabia? Será que Escobar morreu culpado ou livre? Dúvidas e mais dúvidas que só deixo aqui por serem minhas maiores certezas.

Mas Bentinho enfatiza a veracidade e objetividade! Então ele nos engana quanto aos fatos e características que dá a Capitu? Sim! Porque são dele também. Ele joga com o leitor o tempo todo e se passa de pobre coitado e injutiçado quando é ele quem também nos trai! Ele diz que ela é sutil, habilidosa e prática, mas ele também não foge à isso. Ele mesmo, quando se separa dela, diz que já era caso pensado. Falso e calculista!

Então, você, que for ler ou leu, não se confie nele! É também dissimulado e subjetivo, dando-nos a impressão de que é ele quem é vítima. Mas se Capitu traiu ou o traía, ele então percebia, não?!

Como vi numa resenha no Skoob, da professora Rosa Santana:

Esse o enigma maior! Penso que, armando-o, para implantar a dúvida no leitor, Machado, com toda a sua habilidade narrativa, mostra-nos que o mundo das aparências é uma máscara que encobre o da essência: o ser humano é frágil e contraditório. É esse o drama da condição humana: as verdades (?) são frágeis; a natureza humana, também.

É isto pessoas, espero que tenham gostado e espero que discutam logo aqui abaixo sobre este belo livro de Machado!

Para quem quiser saber mais sobre a minissérie da Globo, Capitu, veja aqui. Assistam!

xoxorose

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