Olá leitores! Trata-se de uma história…
‘’– De livros malditos, do homem que os escreveu, de uma personagem que se escapou das páginas de um romance para o queimar, de uma traição e de uma amizade perdida. É uma história de amor, de ódio e dos sonhos que vivem na sombra do vento.’’ Quem melhor que o próprio autor pra definir sobre o que se trata a história? Você não conhece esse autor? Para tudo e vem ler Zafón! Por Juliana
A SOMBRA DO VENTO
Editora: Suma de Letras (Objetiva) (ed. 1)
Original: La Sombra del Viento
Páginas: 399
Lançamento (ano): – 2007
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Sinopse: Numa madrugada de 1945, em Barcelona, Daniel Sempere é levado por seu pai a um misterioso lugar no coração do centro histórico: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Lá, o menino encontra A Sombra do Vento, livro maldito que mudará o rumo de sua vida e o arrastará para um labirinto de aventuras repleto de segredos e intrigas enterrados na alma obscura da cidade, A busca por pistas do desaparecido autor do livro que o fascina transformará Daniel em um homem ao iniciá-lo no mundo do amor, do sexo e da literatura.
Numa narrativa de ritmo eletrizante que mistura gêneros como o romance de aventuras de Alexandre Dumas, a novela gótica de Edgar Allan Poe e os folhetins amorosos de Victor Hugo, Carlos Ruiz Zafón mantém o leitor em estado de contínuo suspense. Ambientada na Espanha franquista da primeira metade do século XX, entre os últimos raios de luz do modernismo e as trevas do pós-guerra, A Sombra do Vento é uma obra sedutora, comovente e impossível de largar. Uma grandiosa homenagem ao poder místico dos livros.
Arrebatador
Ele é o primeiro volume da serie O Cemitério dos Livros Esquecidos, e Zafón ganhou destaque no mundo, inclusive vendeu mais de 6,5 milhões. Os outros se chamam: O Jogo do Anjo (2008) e O Prisioneiro do Céu (2011). A serie tem a cronologia invertida, ou seja, começa-se pelo último livro, mas é lido nesta ordem acima.
Ambientado na Espanha, em Barcelona pós-guerra – e durante também – , numa Espanha na primeira metade do século XX, e narrado sobre a perspectiva de Daniel Sempere, filho de um livreiro, e órfão de mãe. O Cemitério é uma biblioteca secreta de livreiros, organizados como um labirinto enorme, escondido num prédio perdido de uma cidade de sombras (daí o nome). O labirinto possui obras esquecidas, abandonadas, perdidas ou que tentaram destruir, e muito antigas. Várias lendas giram ao redor do lugar. Poucas pessoas tem acesso, privilegiando à quem vai, uma tradição antiga. Cada visitante que vai a primeira vez, tem como missão escolher um livro e cuidá-lo, para nunca se perder ou destruir. Ele torna-se responsável pelo livro. E Daniel é o nosso primeiro visitante, claro! A partir desse fato é que se inicia todo o enredo de A Sombra do Vento.
A partir da primeira página, eu te garanto: você vai se emocionar! Cheio de metalinguagem, é impressionante como embarcamos junto de cada momento, num ritmo eletrizante. Trazendo mistérios insondáveis, vivemos com Daniel várias aventuras perigosas, dentro ou fora do universo da literatura, inclusive é sobre isso que o livro fala: livros. A arte, os autores, seus leitores e com isso temos uma ligação direta com a trama que se desenvolve.
A narrativa se desenrola em 1945, desde a infância de Daniel, com 10 anos até a vida adulta e o liga ao Cemitério quando, numa madrugada após perguntar sobre como era sua mãe – por já não ser capaz de lembrar de suas feições – seu pai o leva ao tão secreto e incrível labirinto dos livreiros barceloneses, que protegem milhares de livros esquecidos pelo tempo e enterrados num prédio que parece um antigo palácio, onde somos apresentados a Isaac, o porteiro. Daniel é incubido a missão de adotar um livro qualquer de sua escolha para protegê-lo para sempre, como tradição dos visitantes. Então, rodando e passando os olhos por tantos títulos e mundos, Daniel se vê em frente de A Sombra do Vento, um livro que o fascina desde o primeiro minuto. Sem explicações, ele o leva para casa. Não conseguindo dormir, o menino começa então sua viagem pelas tramas de um romance de Julián Carax, também barcelonês e com um ar de mistério acerca de sua pessoa. Sem imagens no livro, o garoto que fica obcecado e apaixonado pela narração de Julián, pergunta a seu pai, dono da livraria Sempere e Filhos se conhece o autor ou mais alguma obra sua. Desconhecendo qualquer menção a Carax, ele sugere uma visita a seu grande amigo, também livreiro. Daniel, que está prestes a completar 11 anos é insistente na sua investigação, e conhece Dom Gustavo Barceló, personagem incrível e grande amigo de anos de seu pai, que logo simpatiza com o menino. Ao ser apresentado a Clara, sobrinha de Barceló, anos mais velha que ele, apaixona-se e cai nos encantos da menina cega que vive solitariamente na casa do tio com Bernarda, a empregada.
Barceló propõe uma grande quantia pela edição rara desse escritor muito buscado e amaldiçoado. Daniel se recusa a vender e é avisado de que alguém anda queimando os livros desse autor ‘’maldito’’. Em busca obssessiva, que tem como pistas apenas uma pequena descrição da editora Cabestany e informações de que Julián vive em Paris. Daniel em visita a Dom Gustavo, e se oferece para ler durante a tarde para Clara a obra, que, de tanto fascinar a garota, Daniel lhe presenteia, entrando em conflito com seu pai sobre sua missão com o Cemitério dos livros Esquecidos. Mesmo tendo terminado a leitura, eles continuam lendo outros títulos, solução que ele encontrou para continuar perto de sua paixão, esquecendo de seu melhor amigo, Tomás Aguilar, um menino rico e inteligente, com fama de violência. Sendo figura constante no casarão de Dom Gustavo, cria-se um laço afetivo entre Bernarda, a empregada jovem que torna-se uma figura materna para nosso personagem principal. Muito religiosa, ela o trata como se fosse seu próprio filho, enciumando o pai do menino.
Anos se passam e o garoto vai crescendo, agora já um adolescente, esquecendo-se da antiga história que procurava até que numa noite, voltando do casarão para o apartamento que divide com o pai, é perseguido por uma figura obscura e de voz sombria que o ameaça caso não entregue o livro. Transtornado, ele decide recuperar o seu livro para não arriscar a vida das pessoas que o cerca, inclusive Clara. Quando vai numa noite tempestosa, presencia uma cena que nunca irá esquecer em sua vida e perde toda a feição que tinha pela paixão não correspondida. É aí que ele é amparado por um mendigo que lhe oferece vinho e algumas palavras sinceras e que depois se tornará seu melhor amigo. Levando consigo a edição diretamente para sua origem, Daniel tem uma conversa com o porteiro Isaac, que o ajuda a se recuperar. Sabendo que sua vida não será a mesma, mas tentando continuá-la com uma rotina de trabalho e estudo, ele sugere a seu pai, que diz precisar de ajuda na livraria, a figura perfeita para o cargo: Fermín Romero de Torres, o mendigo que lhe ampara naquela noite interminável e perturbadora.
Fermín é cômico, sarcástico, inteligente, de humor congatiante e por vezes, obsceno. Tornou-se meu personagem favorito na trama e creio que de muitos leitores que o leram. Com a rotina, logo nasce uma relação de amizade e cumplicidade entre Daniel e Fermín. Contando agora com sua ajuda, os dois partem em busca de explicações acerca desse mistério que parece calar todos que conhecem ou já ouviram mencionar Julián Carax. Percorrendo então lugares fascinantes da Barcelona gótica e grandiosa de Zafón, conhecemos a história do autor maldito e de sua Penélope, e do triste fim dos dois jovens apaixonados. A história de amor é contada como um insight na narração detalhada e densa, que nos mostra personagens tão reais como se estivéssemos lado a lado com eles. Mas algumas dessas figuras saem dessa trama e entrelaçam-se aos fatos atuais, como o inspetor Fumero, Miquel, Nuria, o padre Fernando Ramos; amigos de Julián, os Aldaya e pessoas que cruzam sua vida. No caminho, Daniel revê a irmã de seu amigo Tomás, Beatriz e os dois apaixonam-se imediatamente. Levando-a ao labirinto, após contar toda sua descoberta e pesquisa, Bea pretende ajudá-los nessa aventura louca e perigosa.
Então o enredo da uma reviravolta para a infância de Julián, alternando as duas narrações e épocas, em que somos apresentados a sua mãe Sophie, seu pai, o chapeleiro Fortuny, aos amigos do colégio San Gabriel e a Ricardo Aldaya. Aí que conhecemos Nuria Momfort e uma velha disputa entre Fumero e Carax. Novamente a figura misteriosa faz uma visita e nomeia-se Laín Colbert, um personagem de A Sombra do Vento (o diabo). Sabendo que então estão num caminho certo para a verdade, os três vagueiam entre pistas e personagens que parecem lutar para esconder verdades do passado em custa de suas próprias vidas.
Nada mais posso revelar para não perder o olhar e a surpresa do leitor, então, se ficou curioso, terá que ler a trama tão bem escrita de Zafón por si próprio.
Sobre a serie, o bom é que se pode ler separadamente qualquer livro, já que temos como única ligação das histórias o Cemitério dos Livros Esquecidos. Alguns personagens e fatos são mencionados nos três, portanto fica ai minha dica pra ler a serie, e não só um volume! ;) E também porque se perde muito em não ler qualquer livro de Zafón, esse cara é fantástico! (O Prisioneiro do Céu retoma personagens principais dessa narrativa com segredos e fatos guardados e não resolvidos pelo autor.)
Sobre a diagramação, tenho alguns pontos negativos pra apontar: fonte pequena, flashbacks em fonte itálico, o que dificulta ainda mais a leitura, por conta do tamanho. Acho que a edição merece uma revisão e um relançamento. Uma boa pedida para os fãs do autor seria uma reedição do box melhor, em vez de papelão, bem vagabundo e capa mais grossa, que não amassasse na leitura. O espaçamento e as folhas amarelas são ótimas, mas não capaz de apagar essa falha. Não mudaria as capas padronizadas porque as imagens são lindas!
Agora um aviso: se você quiser mudar sua vida, leia Zafón! Ele é um clássico, não tem como lê-lo sem se tornar fã. Tocante e sublime. Não temos gêneros quando se trata desse escritor. Ele passa por romance, prosa, policial, terror... É só ler a sinopse do verso do livro! Citando grande autores, é comparado a Alexandre Dumas, Edgar Allan Poe e Victor Hugo.
Quer mais? Ele é músico e criou para os 2 primeiros volumes uma trilha sonora! Escute aqui.
Visite seus sites oficiais: em inglês, em espanhol. (original)
Já leu algum livro de Zafón? Fica aí a dica pra começar por esse clássico contemporâneo! Não deixe de comentar.